Ctenus medius Keyserling, 1891 é uma aranha errante, comum na Mata Atlântica brasileira, que tem sido objeto de poucos estudos. Este trabalho visou elucidar aspectos de sua história natural, como o ciclo vital e o comportamento reprodutivo, por meio de observações em laboratório e em campo. Duas fêmeas com ooteca foram observadas em laboratório e uma em campo (Barra Mansa, 22º32'S e 44º10'W) até a emergência da prole. Para as observações sobre o desenvolvimento dos estágios imaturos, uma porção da prole foi levada ao laboratório e observada até a maturidade sexual. Em campo, o período entre a oviposição e a emergência da prole foi de 36 dias. A fêmea selecionou um local para a confecção da ooteca, onde permaneceu até a emergência dos filhotes. Sete dias após a emergência, a fêmea abandonou o sítio onde a ooteca foi confeccionada, no mesmo dia em que a prole foi observada, aceitando a alimentação e dispersando do local de observação. Os filhotes mantidos em laboratório não apresentaram canibalismo nos primeiros instars (1º-4º) quando o alimento foi oferecido. A maturidade sexual de indivíduos deu-se no 14º ou 15º instar, com média de 309,2 a 344,5 dias até a última muda, respectivamente. Foi observado índice de 85% de mortalidade até a maturidade sexual, mostrando que esta espécie apresenta grande fragilidade em cativeiro. Isto dificultou deduções sobre sua longevidade. Machos e fêmeas coletados em campo foram induzidos ao acasalamento em laboratório. Foram registrados movimentos de corte dos machos, mas as fêmeas não permitiram o acasalamento. Estes dados podem ser úteis como primeiras noções sobre a biologia de C. medius e como parâmetros para outras espécies filogeneticamente afins.
Ctenus medius Keyserling, 1891 is a wandering spider common in the Brazilian Atlantic Forest. It has been the subject of few studies. Thus, this work aims to elucidate aspects of its natural history, such as the life cycle and reproductive behavior of this species, through laboratory and field observations. Two females with egg sacs were observed in the laboratory and one was observed in field (Barra Mansa, 22º32'S and 44º10'W) until the emergence of the spiderlings. For observation of the immature stage development, a portion of the spiderlings from the same hatch were taken to the laboratory and watched until sexual maturity. In the field, the period between the oviposition and the emergence of spiderlings was of 36 days. The female selects a site for egg sac deposition and stays there until the spiderlings emerge. Seven days after the emergence, the female abandoned the site where the egg sac was made, concomitant to the spiderlings dispersion from observation's place and until the moment that the spiderlings started to eat. For the spiderlings kept under laboratory conditions, cannibalism was not observed in the first instars (1-4th) when sufficient food was offered. Sexual maturity happened in the 14th or 15th instars, with an average of 309.2 to 344.5 days until the last/sexual molt, respectively. Until the date of sexual maturity, there was a mortality rate of 85%. This species is very fragile in captivity. This hampered deductions concerning longevity. Both females and males collected in the field were induced to mate in the laboratory. Courtship movements of males were registered, but the females did not permit the mating. These data may assist in initial biological studies of Ctenus genus and offer comparative parameters for studies of other related species.
